Estudo aponta porta-enxertos alternativos para a citricultura na
região norte do Estado de São Paulo
Em 2001, com a constatação da doença morte súbita dos
citros (MSC), o limoeiro ‘Cravo’ (Citrus
limonia Osbeck), um dos principais porta-enxertos da citricultura
brasileira, mostrou-se suscetível à doença. “A utilização de porta-enxertos
tolerantes à MSC no cultivo de laranjeiras doces (C. sinensis (L.) Osbeck), até o momento, é a medida de manejo
mais indicada”, comenta o engenheiro agrônomo André Luiz Fadel, autor de um
estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Fitotecnia, na Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).
O estudo avaliou o desempenho horticultural de
laranjeira ‘Valência’ sobre onze porta-enxertos na região norte do Estado de
São Paulo, uma vez que os porta-enxertos podem apresentar baixa tolerância à
seca, inviabilizando o cultivo sem irrigação nas regiões norte e noroeste do
Estado de São Paulo. “Tais regiões apresentam baixa disponibilidade hídrica no
solo e altas temperaturas em determinadas épocas do ano”. Assim, considerando a
necessidade de cultivo de espécies mais eficientes na
produção e qualidade dos frutos de laranja doce, a proposta inicial do trabalho
de pesquisa, que foi orientado pelo professor Francisco de Assis Alves Mourão
Filho, do Departamento de Produção Vegetal da ESALQ, foi buscar
espécies/seleções de porta-enxertos alternativas em relação ao uso do limoeiro
‘Cravo’ para a produção de laranja ‘Valência’ na região norte do Estado de São
Paulo.
O objetivo do trabalho, que teve co-orientação de
Eduardo Sanches Stuchi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, foi determinar o desempenho da laranjeira ‘Valência’ (C. sinensis (L.) Osbeck) sobre onze porta-enxertos na região norte do
Estado de São Paulo, baseando-se nas características de produção e qualidade de
fruto, desenvolvimento das plantas, tolerância à MSC e à seca.
O experimento foi desenvolvido na Fazenda Muriti,
pertencente à Citrosuco S.A. Agroindústria, município de Colômbia (SP). “Os
diferentes tipos porta-enxerto avaliados são oriundos de um trabalho de
melhoramento genético iniciado nos anos de 1980 pela Embrapa Mandioca e
Fruticultura, de seleções introduzidas de trabalhos anteriores de melhoramento
na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB) e outras,
desenvolvidas na ESALQ”, explica o autor. As diferentes
combinações copa/porta-enxerto foram implantadas em 2007 e o acompanhamento do
desempenho horticultural destas árvores se estendeu por, pelo menos, seis
safras agrícolas.
Resultados – Entre os
diferentes porta-enxertos avaliados, os híbridos tangerina ‘Sunki’ x Poncirus trifoliata ‘English’ (Citrus sunki (Hayata) hort. ex Tanaka x Poncirus trifoliata (L.) Raf) e citrange
‘C-13’ “S” (Citrus sinensis (L).
Osbeck x Poncirus trifoliata (L.)
Raf.) apresentaram potencial para o cultivo de laranjeira ‘Valência’ na região
norte do Estado de São Paulo como alternativa ao limoeiro ‘Cravo’.
“Os resultados obtidos nesta pesquisa poderão
contribuir para a definição de um novo padrão de distribuição de combinações
copa/porta-enxerto de citros na região norte do Estado de São Paulo. Tais
combinações poderão reunir características desejáveis para produção sustentável
naquela região, incluindo alta produtividade e qualidade de frutos, tolerância
à seca e à MSC”, finaliza.
Para sua execução, o projeto contou com apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Citrosuco S.A.
Agroindústria.
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