Fábrica de tecidos “Boyes”
Lucas Magioli
Historiador
A
fábrica de tecidos “Boyes”, fundada em 1874 como Fábrica de Tecidos
Santa Francisca, teve a sua origem a partir do empreendedorismo de Luiz
de Queiroz. A fábrica se tornou a primeira grande indústria
originalmente piracicabana, recebeu a primeira linha de telefone da
cidade e, ainda, obteve o seu processo de produção por meio da força
hidráulica do Rio Piracicaba. Por falta de tecnologia para subsidiar a
produção demandada pela fábrica, todos os maquinários eram importados da
Inglaterra.
O
Jornal de Piracicaba, datado em 27 de dezembro de 1900, apresenta o
discurso pronunciado pela aluna da Escola Luiz de Queiroz, Adelaide
Peregrina, em ato de encerramento dos trabalhos daquele ano, onde
destaca a importância da fábrica para os trabalhadores locais:
“Não
é um edifício sumptuoso, não prende a atenção o seu trabalho artístico,
não tem arquitetura custosa, nem colunatas, nem ogivas, não tem
frontispícios a trabalhosos labores ou delicados rendilhados mas ante
ele o passeante deve descobrir-se com respeito, porque é uma Sinagoga do
trabalho, que a sua sombra angusta e sagrada abriga dos rigores do
infortúnio famílias e famílias, a quem distribui o trabalho do qual a
recompensa e o bem estar, o sossego e a paz de muitos lares”.
A
fábrica de tecidos, após ser adquirida por Rodolpho Miranda em 1902,
altera o nome e passa a ser identificada como “Arethusina”. No Jornal de
Piracicaba, de 1903, uma nova matéria detalha as atividades e estrutura
da fábrica, inclusive da Vila, conjunto residencial que servia de
moradia para os seus operários:
“Em
uma quadra, fazendo faces para a rua Luiz de Queiroz, Prudente de
Moraes, Vergueiro e 13 de maio, tem a fábrica 14 confortáveis casas para
operários, na primeira das ruas descriminadas, e nas segundas
excelentes habitações em que reside o guarda-livros”.
Também
próximo a fábrica se encontra o palacete de Rodolpho Miranda, que ainda
naquela edição do Jornal, é ilustrado como um espaço:
“Situado
num dos pontos mais pitorescos da cidade encontra-se elegantíssimo
palacete ao centro de deslumbrante parque onde, a par esmerado capricho
na escolha e conservação de frondosos e raros arvoredos, assim como de
belíssima flores o seu proprietário faz coleção de aves nacionais e
estrangeiras”.
Em
1927, definitivamente, a fábrica foi adquirida pela Cia Industria e
Agrícola Boyes, o qual leva o nome da empresa e da Vila até o fim de
suas atividades.
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