domingo, 1 de novembro de 2015

FNM – MODELOS/CABINES por José Carlos Reinert

O caminhão FNM teve dois grandes modelos distintos, ambos de origem italiana: O FNM – ISOTTA FRASCHINI que foi produzido em 1949 e 1950 com chassi e mecânica Isotta, sendo pouquíssimas unidades montadas, e o FNM – ALFA ROMEO, com chassi e mecânica Alfa Romeo, produzido sob licença da montadora européia, com dezenas de milhares de unidades fabricadas no Brasil, e cuja saga acabou se confundindo com a história do transporte rodoviário do país.
O FNM – ALFA ROMEO foi equipado com aproximadamente uma dúzia de cabines diferentes, mas até quem não entendia de caminhões sabia, só de olhar, que se tratava de um FNM, pois qualquer que fôsse a cabine, a sua “personalidade” era notável, mesmo que estivesse sem as garrafais letras F-N-M na grade frontal.  Era portanto muito fácil distinguí-lo dos outros caminhões. Houve apenas uma cabine  – a “Futurama” – que era bastante diferente e destoava dessa personalidade dos caminhões FNM, porém seu projeto foi abandonado e nunca chegou a ser produzida em série.
Como o maquinário da FNM fora projetado para a fabricação de motores e adaptado para fazer chassis e parte mecânica, tinha uma capacidade de produzir muito mais chassis do que cabines, as quais eram então feitas de maneira artesanal (as primeiras cabines haviam sido importadas da Itália, mas eram caras demais e descaracterizavam o FNM como um produto brasileiro).  Devido a este problema, a fábrica teve que cadastrar empresas terceirizadas para fornecerem boa parte dessas cabines, o que de certa forma diversificava os modelos, os quais deram uma cara bem brasileira aos caminhões, tornando-os únicos no mundo.  Só em 1962, com a reestruturação da fábrica e a aquisição de enormes máquinas de estampagem de chapas de cabines, conseguiu-se produzí-las em número suficiente para dispensar as empresas terceirizadas.  Salienta-se que as cabines alternativas eram enviadas à Fábrica Nacional de Motores, em Xerém, onde eram montadas no chassi – salvo algumas exceções, a gosto do cliente.
Existiram outras cabines que equiparam os caminhões fenemê, provavelmente fabricadas artesanalmente em pequenas oficinas, pois há registros fotográficos de algumas delas, embora não se tenha informações precisas acerca das empresas que as montaram.

FNM ISOTTA FRASCHINI

Primeiro caminhão FNM produzido no Brasil, marcou o pioneirismo da FNM da Indústria automobilística nacional. Apenas 200 unidades foram produzidas. Foi o único FNM com cabine recuada (“bicudo”).
FNM Isotta

CABINE ALFA ROMEO

Poucas unidades importadas, até o início da fabricação das cabines nacionais.
Estes caminhões introduziram a marca no Brasil.
alfa Italiano Reinert

CABINE 800 BR

Primeira cabine fabricada pelo FNM. Pelo desenho frontal, tendo os pára-brisas curvos na parte inferior, foi inspirada na cabine do Alfa italiano. Muito parecida com a cabine Standard, serviu provavelmente de base para o projeto que resultou naquela cabine.
Somente equipada com motores D9.500.
FNM D-9500 (BR 800..

CABINE STANDARD

Fabricada pela própria FNM de 1954 a 1972. Teve algumas pequenas modificações ao longo dos anos, sendo as principais em 1959, quando ela foi alongada e teve a posição dos faróis alterada, e em 1966, quando a sua grade frontal (com as grandes letras FNM)  foi trocada pela grade nova, com o emblema circular FNM vermelho.
CABINE STANDARD INTERMEDIÁRIA – Produzida provavelmente de 1951/1952 a 1953, quando deu lugar à cabine Standard que foi produzida até 1972.
FABIO FNM - Contestado

CABINE STANDARD

Com a grade antiga (1954 a 1965):
Farol e lanterna “em pé” – somente ano 1958 para D11.000
DARDES FOTO 02

Standard farol e lanterna “deitados”. Já com motores d11.000.

REINERT std 4

CABINE STANDARD

Com a grade nova (1966 a 1972): Motores D11.000, 175 cv.
LOTE 2 FOTO 11

CABINE INCA, d9.500.

São Paulo – anos 50 – inspirada nas cabines do Alfa Romeo importado da Itália, tinha os vidros do pára-brisas basculantes, que abriam para frente, ventilando o seu interior.
Inca 55 Piracicaba

CABINE BRASINCA

São Caetano do Sul – 1954 a 1962 – Uma das principais cabines utilizadas pela FNM, um pouco maior e mais luxuosa que as outras. Também sofreu algumas modificações ao longo dos anos, sendo as principais em 1956, quando os vidros planos do pára-brisas deram lugar a vidros curvos, e em 1959, onde teve alterada a posição dos faróis (do peito para perto do pára-choques) e recebeu nova grade frontal;  essa configuração foi apelidada de “Boca de Bagre”.
Abaixo, dois Brasincas originais, D-9.500 (à esquerda) e D-11.000: 
Brasinca6

CABINE BRASINCA “BOCA DE BAGRE”, farol deitado. Somente D11.000.

DARDES FOTO 05

CABINE METRO d9.500.

Rio de Janeiro – 1951 a 1959/60 – A única cabine que abria a porta pela parte de trás, como os caminhões e carros de outras marcas. Todas as demais cabines FNM tinham a abertura na parte da frente, o que lhes valeu o apelido de portas “matadeiras” ou “assassinas”, pois o motorista (ou o carona) podiam cair da cabine ao tentar segurá-las, quando as portas se abriam acidentalmente com o veículo em movimento.
FABIO FNM - Contestado Metro-2

CABINE CAIO

São Paulo- anos 50 – Era utilizada principalmente nos fenemês Papa-Filas. (ônibus de grande porte semelhante a uma carreta,  rebocado por um cavalo mecânico).  As últimas, mais modernas, tinham 4 faróis e se pareciam com os ônibus da própria CAIO.
FNM ONIBUS 23 PAPAFILA CAIO 1955

CABINE CERMAVA

Rio de Janeiro – anos 50 – Também era utilizada nos ônibus Papa-Filas:
FNM ONIBUS 22 PAPAFILA CERMAVA 1955

CABINE DRULLA

Curitiba – 1951 a 1959/60 – Uma das primeiras cabines da FNM, tinha o interior (estrutura) feito de madeira, onde a cabine e as suas chapas eram presas por parafusos.
Drulla 1

CABINE RASERA

Curitiba – anos 50 – Muito parecida com a Drulla, também tinha a estrutura interna de madeira.  O dono da fábrica era ex-funcionário da Drulla, daí a grande semelhança entre ambas as cabines.
Rasera e Miklos 0168

CABINE FUTURAMA

Protótipo que chegou a ser apresentado à imprensa especializada e ao público no Salão do Automóvel de 1967 (S.Paulo), mas que foi abandonada e não chegou a entrar em produção.  Diferente de todas as outras cabines FNM, não trazia, a meu ver, a personalidade de um legítimo FNM.
fig5 27 pg232

CABINE FNM 180 E 210

1972/1979 era a mesma cabine do MILLE, utilizada nos Alfas italianos de 1958 a 1964.  Mais moderna e espaçosa que as anteriores, foi posteriormente utilizada nos caminhões FIAT 190 (já com mecânica FIAT), com 2 diferenças notáveis:  grade frontal simplificada (com menos travessas, ou “costelas”) e porta que abria na parte de trás, como acontecia nas cabines Metro.
Abaixo, um FNM 180 ano 1976:
FNM 180 1976
Além das listadas, eis algumas outras cabines que foram produzidas para os caminhões FNM:
GABARDO – Curitiba – Apesar de ter a estrutura interna de madeira, era idêntica à cabine Standard da FNM, e era utilizada para reposição.
FIEDLER – Curitiba – Não há notícias ou fotos desta cabine – dizem que era semelhante à Drulla, porém maior e mais espaçosa.
SANTA IFIGÊNIA – Não há fotos ou descrições disponíveis.
KABI – Rio de Janeiro – idem (alguns dizem que era igual à Standard).
CARRETTI – São Caetano do sul – 1961/62 – idêntica à Cabine Brasinca, que provavelmente as produziu com este nome quando passou a fazer cabines para uma montadora concorrente da FNM.
IRMÃOS AMALCABÚRIO – Caxias do Sul -Também igual à cabine Standard, era bastante utilizada para reposição;

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